Na garganta, o coração
e, na alma, um turbilhão.
Pulsação acelerada, oxigênio no final.
O que será, afinal?
Pânico de viver,
De poder morrer.
Será que terei outra chance,
De ter, com a morte, uma revanche?
Outra chance me foi concedida,
mas a humanidade arrependida,
de a vida não aproveitar
e a finitude realmente chegar.
Mesmo sabendo da minha imortalidade,
a atitude ainda é covarde,
e o tempo a passar
até a próxima crise chegar.
E que chegue logo,
pois assim melhoro,
para, em seguida,
acreditar que vale a pena a vida!
Que a pena com que escrevo,
me salve do desespero
da inspiração se ir embora
e afastar o meu desejo de melhora.
PÃlulas, terapia
não são utopia.
Mas apontam o caminho possÃvel
que a arte alinhava de forma invisÃvel.
Não é visÃvel, palpável, racional,
mas a minha dor é real
porque eu assisto
e, sobre ela, não minto.
Pânico de deixar de ser,
de mal viver.
Pânico de sentir
e de não mais voltar a sorrir.
E, na décima estrofe,
entrego a sorte
de continuar
entre a arte e o findar!