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    VIRTUALIDADES


    Bom, sabe-se que o verão, aqui em nosso Brasil, é marcado por um longo período chuvoso.  Chuva, até que nos remete a coisas boas, como assistir a um filme, comendo pipocas. Ah! Tem, também, um bolinho com nome de chuva: bolinho de chuva (delicioso, particularmente!)

    Mas, caro (a) leitor (a), lembra-se que eu citei a palavra Brasil? Pois é, convenhamos que aqui se tem o bom hábito de construir bueiros nas ruas e o, digamos, “esquecimento” de que não podem permanecer entupidos. Logo: verão+ chuva+ bueiro entupido= enchente.

    As enchentes ocorrem, geralmente, do lado de fora das residências, até que, não havendo lugar para a água, ela as invade. Mas a história dessa enchente que vou lhes contar aconteceu de outra forma.  Ela começa assim...

    Dia 24 de dezembro de 1999. Dona Maria e, para variar, todos da casa, mobilizados na preparação da ceia de Natal:

    ̶  Zé, você vai buscar as cervejas, o gelo, o refrigerante, os salgadinhos.

    ̶   Espera aí, Maria! Anota tudo num papelzinho, porque você sabe que me esqueço. Anote o horário, o nome das pessoas, o que vou buscar, onde eu vou buscar...

    Seu Zé, o marido da anfitriã, conservou os velhos hábitos de organização que aprendera como bancário. Era o oposto dela. E a dona de casa não tinha muita paciência.

    ̶  Meu “filho”, é fácil! Você não está vendo que eu estou assando o peru, fazendo a farofa, a sobremesa, desde ontem? Não tive tempo nem de fazer as unhas!

    ̶  Tá bom... é... só escreve onde eu tenho que buscar o que você pediu. Aqui: o B-L-O-C-O e a C-A-N-E-T-A.

    Ela escrevia, muito a contragosto.

    ̶  O que é isso aqui que você escreveu? Não cortou o “t”, pôs o “z” no lugar do “q”.

    ̶  Pode parar! Você entendeu o que está escrito???

    ̶  É... entendi.

    ̶  Então, PRONTO! Pode ir que você já está atrasado!

    A cozinha se parecia com uma sinfonia orquestrada: o peru assava, enquanto a batedeira  preparava o glacê, ao mesmo tempo em que a cebola, o bacon e o tomate eram cortados. O restante da equipe (as filhas) cuidavam da limpeza da casa. Cada uma a seu jeito, claro!

    Terminados os preparativos, casa arrumada, todos compostos, a seus postos, era hora da festa.

    Os festejos tiveram início com as baladas de Roberto Carlos, salgado, refrigerante. Terminaram com cerveja, Campari, “Jorge e Mateus”, farofa e peru. Abraços, alegria, presentes, oração. Uma bela festa!

    Despedidas, mais abraços, festança acabada. Dona Maria dormindo de um lado, seu Zé, de outro, e a melodia de roncos se completava. As “Belas adormecidas”, do outro lado da casa, a sono solto.

    Foi lá que, pelas duas horas, por causa das cervejas a mais, dona Maria resolveu ir ao banheiro. Ao colocar os pés no chão, ouviu um sonoro “ploft”. “O que é isso? Água?” – pensou.

    Em meio ao quarto escuro, a dona de casa saiu “nadando” até o banheiro, acendendo a luz, e se deparou com tudo repleto de água, exceto a cama. Exclamou:

    ̶  Zé, acorda!

    ̶  Hum... quem morreu?

    ̶  Olhe o nosso quarto, está repleto de água!

    Seu Zé rolou para o outro lado, em um segundo, e aventurou-se a nadar pela casa. Fez uma vistoria no local: metade dele estava alagado. “Meu Deus! Não está chovendo... o que é isso?”

    Zé chamou:

    ̶  Maria, vai ao porão pegar uns baldes, enquanto eu vejo de onde está saindo essa água.

    Dona Maria saiu, meio nadando, meio correndo, apressada, desceu até o porão. Esquece-se de que a porta estava trancada e voltou para buscar as chaves. “Nunca nadei tanto, nem durante as aulas de natação” - pensou.

    Abriu a porta e o porão estava alagado. A cadelinha de estimação estava lá, nadando, também! Dona Maria pegou todos os baldes, colocou-os do lado de fora. Pegou a cadela, colocou-a em um dos baldes. Com os outros, ia retirando a água do porão e jogando-a no quintal. Quando terminou a operação, quase se esqueceu que a cadelinha continuava nadando, dentro de um balde que se encheu de água. Porém, ela conseguiu retirá-la, com vida, quando ouviu:

    ̶  Ande, “minha filha”! Aqui, em cima, está alagado!

    Então, nadou mais um pouco, com os baldes. Lá ficaram, os dois, por duas horas, retirando a água de casa. Quando conseguiram, seu Zé observou que o ralo de um dos banheiros estava entupido. Abriu-o, com suas ferramentas, desvendou o mistério: o cano estava entupido com alguns objetos.

    Findada mais esta parte da operação, foi o momento de salvar o que se molhou: móveis, roupas, o disco do “Roberto”, entre outras coisas.

    Com várias calorias a menos e, exaustos, foram dormir (a cama permaneceu intacta, para sorte deles!)

    Lembram-se de como ocorrem as enchentes, não é? Decoraram a fórmula? Essa enchente, ocorrida de dentro para fora, obedeceu à mesma regra.

    Então, a família aprendeu o que todas as outras se esqueceram: a educação e o zelo são aprendidos em casa e, consequentemente, aplicados fora dela. Fácil, não é?

    Ah, as “Belas adormecidas”? Acordaram, no dia seguinte, sem entender nada.

     

               

                 

                 

                   

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    Sobre mim

    Tiara C. França é goianeira (metade goiana, metade mineira), criada em Goiânia e Formiga.

    Descobriu o gosto pelas Artes Visuais desde os 6 anos de idade, quando se pegou reproduzindo personagens de HQ's, de maneira autodidata e espontânea. Cursou pintura a óleo no Atelier Arte Pura. Especializou-se em Ensino de Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

    Começou a escrever textos literários ainda na escola. Formou-se em Letras pelo Centro Universitário de Formiga (UNIFOR-MG). Já teve contos publicados em outros sites e em coletâneas do Clube Literário Marconi Montoli.

    O blog foi criado no início da pandemia, em abril de 2020. É uma tentativa de tornar a fase da pandemia do COVID-19 um pouco mais leve, reflexiva e divertida para as pessoas. E perdura até hoje!

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